Com base em Números 23:24, guerra entre Israel e Irã levanta debate teológico sobre o cumprimento de profecias e sinais da escatologia bíblica

Com base em Números 23:24, guerra entre Israel e Irã levanta debate teológico sobre o cumprimento de profecias e sinais da escatologia bíblica
A recente ofensiva militar entre Israel e Irã, iniciada em 13 de junho de 2025, reacendeu discussões entre estudiosos da Bíblia, líderes religiosos e cristãos ao redor do mundo sobre os possíveis sinais do fim dos tempos. Um dos aspectos que mais chamou atenção foi o nome escolhido por Israel para a operação: “Rising Lion” — traduzido como “O leão se levantou”.
A expressão remete diretamente ao versículo de Números 23:24, que afirma: “Eis que um povo se levanta como leoa, e como leão se ergue; não se deitará até que devore a presa e beba o sangue dos mortos.” A escolha do nome não foi aleatória. Segundo fontes ligadas ao alto escalão militar israelense, a alusão bíblica foi intencional, como forma de reafirmar o papel espiritual da nação no cenário geopolítico.
Esse versículo, situado na narrativa entre o profeta Balaão e o rei Balaque, carrega um simbolismo que vai além do contexto histórico. Para teólogos contemporâneos, trata-se de uma profecia de caráter escatológico, na qual Israel é apresentado como um agente ativo nos planos divinos, imponente e invencível diante de seus inimigos.
A guerra entre Israel e Irã, que envolve ataques a instalações nucleares iranianas e contraofensivas com mísseis balísticos, levanta a discussão sobre até que ponto os conflitos atuais seriam apenas disputas territoriais e até onde podem refletir movimentos proféticos previstos nas Escrituras.
Profecia ou coincidência? A visão dos estudiosos
Especialistas em escatologia bíblica observam que o uso de passagens do Antigo Testamento em meio a conflitos militares não é novidade, mas a menção a Números 23 neste contexto despertou um interesse inusitado. De acordo com o pastor e conferencista escatológico Daniel Mattos, o versículo citado “mostra uma imagem de força e soberania divina sobre Israel em tempos de guerra”.
“Não se trata apenas de Israel se defendendo ou reagindo. A imagem do leão que se levanta remete ao próprio Messias, ao poder que repousa sobre o povo judeu quando perseguido e ameaçado”, explica o pastor, lembrando que Jesus é chamado de “Leão da tribo de Judá” em Apocalipse 5:5.
Outros estudiosos veem uma conexão direta entre os conflitos modernos e as chamadas guerras proféticas, como as descritas em Ezequiel 38 e 39, conhecidas como a batalha de Gogue e Magogue. Nesses capítulos, uma coalizão de nações — entre elas a Pérsia (nome bíblico do Irã) — se volta contra Israel nos últimos dias. Embora muitos considerem essas passagens simbólicas ou ainda distantes, a atual tensão com Teerã levanta a possibilidade de que tais eventos estejam mais próximos do que se imaginava.
O rabino messiânico Ezra Hadar, em entrevista ao canal Jerusalem Watch, comentou: “Israel tem consciência de seu papel profético. Quando escolhe o nome ‘leão que se ergue’ para uma operação militar, está também afirmando sua identidade espiritual e sua convicção de que está no centro da história redentora.”
O papel de Israel na escatologia bíblica
A escatologia cristã e judaica frequentemente colocam Israel como o eixo central dos eventos finais. Segundo essas interpretações, a restauração do Estado em 1948 foi o ponto de partida para o cumprimento de diversas profecias que apontam para a segunda vinda do Messias e o juízo final.
Eventos como guerras, alianças internacionais, o aumento da perseguição ao povo judeu e a tentativa de divisão de Jerusalém são vistos por muitos como marcos do relógio profético de Deus. Dentro dessa ótica, o conflito com o Irã não seria um episódio isolado, mas mais um degrau rumo ao desenrolar dos eventos apocalípticos.
Na visão do teólogo Relry Alves, “quando a Bíblia descreve o povo de Deus se erguendo como leão, ela está preparando o cenário para dias de grande confronto espiritual e físico. O que vemos hoje no Oriente Médio pode ser, sim, um eco dessas previsões antigas”.
Com o avanço da guerra, cresce também o interesse de milhões de cristãos por temas como arrebatamento, tribulação e o retorno de Cristo. As redes sociais estão repletas de vídeos e análises que tentam decifrar os sinais dos tempos à luz das Escrituras. E a pergunta permanece: a profecia de Números é apenas um símbolo ou uma peça-chave no quebra-cabeça do fim?