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Mortes por doenças cardíacas são associadas a químico encontrado em plásticos

Mais de 356 mil mortes por doenças cardíacas no mundo todo, ocorridas só em 2018, estão associadas com a exposição diária a certos tipos de substâncias químicas encontradas em plásticos, alerta um novo estudo, o primeiro levantamento internacional sobre esse tipo de impacto na saúde humana. Segundo pesquisadores do Langone Health da Universidade de Nova York (NYU), nos Estados Unidos, os químicos em questão são os ftalatos.

“Ao destacar a conexão entre ftalatos e uma das principais causas de morte no mundo, nossas descobertas se somam ao vasto conjunto de evidências de que esses produtos químicos representam um tremendo perigo para a saúde humana“, diz Sara Hyman, principal autora do estudo e cientista associada de pesquisa na Escola de Medicina Grossman da NYU.

Os ftalatos são utilizados em uma gama enorme de produtos plásticos comercializados globalmente, que incluem desde a indústria de cosméticos e produtos de limpeza até a da construção civil. Muitas pesquisas anteriores já tinham indicado a associação deles com a maior chance no desenvolvimento de doenças como o diabetes, obesidade, problemas de infertilidade e até, câncer.

O novo estudo se concentrou em um tipo específico de ftalato, o composto di 2-etilhexil (DEHP), usado na fabricação de embalagens, mordedores infantis, brinquedos, materiais médicos e odontológicos, para que eles se tornem mais flexíveis. 

Segundo os pesquisadores do NYU Langone Health, outros estudos já tinham demonstrado que a exposição ao DEHP desencadeia uma resposta imunológica hiperativa (inflamação) nas artérias do coração, o que, ao longo do tempo, aumenta os riscos de ataques cardíacos ou derrames.

Além disso, outra análise mais recente, de 2021, associa a exposição aos ftalatos com mais de 50 mil mortes prematuras, ocasionadas principalmente por doenças no coração nos Estados Unidos.

Maior impacto onde há um boom na produção de plásticos

Para chegar aos resultados do estudo recém-divulgado, a equipe de pesquisadores contou com dados de saúde e ambientais de dezenas de pesquisas populacionais para estimar a exposição ao DEHP em 200 países e territórios. As informações incluíam amostras de urina contendo produtos químicos de decomposição deixados pelo aditivo plástico. Já as taxas de mortalidade foram obtidas do Institute for Health Metrics and Evaluation, instituto que coleta informações médicas mundiais para identificar tendências em saúde pública.

Outro ponto importante ressaltado pelos autores do estudo é que o maior número de mortes associadas com a exposição ao DEHP, mais de 50%, foi detectado na África, sul da Ásia e Oriente Médio, áreas onde atualmente existe um boom na produção e uso de plástico – Índia apresenta o maior número de mortes, quase 105 mil, seguida por China e Indonésia.

Todavia, no mapa abaixo, é possível ver que logo abaixo dessas regiões, onde o impacto é maior, aparece também a América Latina, em roxo mais escuro, o que gera preocupação.

“Há uma clara disparidade entre as regiões do mundo que sofrem o impacto do aumento dos riscos cardíacos causados ​​pelos ftalatos”, destaca Leonardo Trasande, professor de pediatria da Faculdade de Medicina Grossman da NYU e um dos autores do estudo. “Nossos resultados ressaltam a necessidade urgente de regulamentações globais para reduzir a exposição a essas toxinas, especialmente nas áreas mais afetadas pela rápida industrialização e pelo consumo de plásticos.”Mapa mostra porcentagem de mortalidade cardiovascular atribuível ao DEHP em todas as regiões do mundo.

Fonte: conexaoplaneta