Orientação consta em ofício enviado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário aos estados

Orientação consta em ofício enviado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário aos estados
Um ofício circular do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) orientou as polícias militares e civis dos estados a não efetuarem prisões de manifestantes envolvidos nas ocupações de terra promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) durante o chamado Abril Vermelho, nome da mobilização anual do movimento na qual são intensificadas as invasões.
Obtido pela CNN Brasil, o documento foi enviado no dia 10 de abril às secretarias estaduais de segurança pública e aos chefes das polícias Militar e Civil dos estados, e é assinado por Cláudia Maria Dadico, diretora do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Agrários. Nele, o governo apresenta uma interpretação jurídica que desaconselha a prisão imediata dos envolvidos em ocupações, citando os limites legais para prisões preventivas e em flagrante.
Segundo o texto, a prisão preventiva não seria cabível nos casos em que ocorrer isoladamente o esbulho possessório — o ato de ocupar terras alheias — por não atender ao critério do artigo 313 do Código de Processo Penal, que exige pena máxima superior a quatro anos. Já em relação à prisão em flagrante, o comunicado recomenda que, ao invés disso, a autoridade policial lavre um termo circunstanciado.
O documento também alerta para o risco de abuso de autoridade, conforme previsto na Lei 13.869/2019, caso sejam feitas prisões desnecessárias ou excessivas.
– A decretação da prisão em flagrante ou da prisão preventiva, no caso de eventual identificação de outros crimes supostamente praticados, deve ser observada com extrema cautela – afirma a diretora.
A orientação do MDA também aborda os limites do uso da legítima defesa por proprietários rurais que eventualmente tentem reagir por conta própria às ocupações. O documento diz que, conforme o Código Penal, qualquer excesso na legítima defesa — seja doloso ou culposo — torna a conduta punível.
Durante o Abril Vermelho de 2025, o MST promoveu ao menos 30 ocupações de terra e cinco invasões de sedes de órgãos públicos ligados ao Ministério do Desenvolvimento Agrário.