Distância curta entre cabeceira da pista e faixa de areia faz turistas ‘brincarem’ com a potência dos motores dos jatos

Distância curta entre cabeceira da pista e faixa de areia faz turistas ‘brincarem’ com a potência dos motores dos jatos
Normalmente as palavras ’aeroporto’ e ’praia’ estão conectadas indiretamente por remeterem à ideia de viagens a passeios ou férias. No caso do Aeroporto de Saint Maarten, no Caribe, esta relação está diretamente ligada. É que os banhistas da Maho Beach – turistas em sua maioria – passam boa parte do tempo prestando mais atenção nos aviões do que na água.
Insane jet blast at St. Martin Airport: a tourists get blown away by MD80 aircraft taking off.pic.twitter.com/l0CNTIbb6A
— Massimo (@Rainmaker1973) April 4, 2025
Embora seja uma das praias mais famosas do mundo, com águas azul-turquesa, o que chama mais atenção no lado holandês da ilha, no Caribe, é a proximidade de sua curta faixa de areia com a cabeceira do Aeroporto Internacional Princesa Juliana, fazendo com que grandes jatos em procedimento de pouso passem a pouquíssimos metros da cabeça dos banhistas.
Mas é nas decolagens que os banhistas mais se divertem. Com os jatos posicionados para ganhar altitude, os turistas se posicionam próximo à cerca que separa a cabeceira de uma pequena rua, e a rua da faixa de areia.
Assim que os pilotos dão potência nos motores para dar início à corrida de decolagem, ocorre uma ação conhecida na aviação como “jet blast”, que é fluxo de ar de alta velocidade que sai das turbinas. Esse forte jato de ar expelido é tão forte que empurra os banhistas na direção oposta à da aeronave e os jogam na água. E muitos deles se divertem tentando resistir e não serem arremessados.
Mas o que pode parecer uma brincadeira engraçada é, na verdade, um perigo aos que se submetem ao “jet blast”. Em julho de 2017, uma turista da Nova Zelândia foi morta pela força dos motores de uma aeronave que preparava para decolar da ilha caribenha holandesa.
A mulher de 57 anos, que não foi identificada, estava pendurada em uma cerca para assistir à partida do avião na quarta-feira. Com o fluxo de ar, ela caiu e bateu a cabeça no meio-fio. Mais tarde, ela morreu no Sint Maarten Medical Center em decorrência dos ferimentos.
As autoridades locais alegam que fazem sua parte, na cerca do aeroporto tem placas dizendo “Não fique de pé. Perigo. Jato de ar” alertando sobre os danos que podem resultar de ficar de pé na área. Mas quase ninguém dá bola para o alerta.
O Aeroporto Princesa Juliana, na parte holandesa, é uma das principais portas de entrada para a ilha, que também possui um território francês, chamado de St. Martin. A praia em frente a cabeceira serve de cenário para muitos vídeos de férias e selfies que viralizaram, mostrando aviões pousando e decolando no aeroporto holandês adjacente.
A pista foi construída inicialmente pelo exército dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial como um centro para voos de busca de submarinos alemães. A ilha montanhosa de St. Maarten só permitia poucos pontos para construir um aeroporto; o mais excelente era um banco de areia na fronteira com o mar e a Simpson Bay Lagoon.
Com o tempo, conforme os aviões ficaram maiores, terras foram reivindicadas da lagoa para expandir a pista. A proximidade da pista com Maho Beach se tornou uma atração por si só, dando a ela o apelido de “praia do aeroporto”. Visitantes que passam a noite e que fazem cruzeiros consideram uma visita à praia um momento único para uma foto ou vídeo, pois há poucas outras oportunidades no mundo de chegar tão perto de uma aeronave voando ou partindo (para instruções sobre como chegar à praia de Maho a partir de áreas de hotéis ou do porto de cruzeiros, veja abaixo).
A praia também se tornou um local global imperdível para observadores de aviões. O pouso espetacular sobre Maho Bay até entrou no famoso programa Flight Simulator da Microsoft. A partida em si não é menos um fenômeno, já que as colinas de St. Maarten se erguem abruptamente atrás da outra extremidade da pista de pouso.
Uma das maiores atrações para os banhistas e spotters era o Boeing 747 da KLM. Durante anos, multidões se reuniram na Maho Beach para assistir ao “jumbo” de quatro motores se aproximar no aeroporto caribenho.
A companhia holandesa deixou de usar aeronaves Boeing 747 e passou a operar aeronaves Airbus A330 em seus voos para o Aeroporto Internacional Princesa Juliana. O último voo do KLM 747 para St. Maarten ocorreu em 28 de outubro de 2016. A explicação é que o A330, da Airbus, é uma aeronave menor e mais econômica em termos de combustível.