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Bolsonaro e Braga Netto preparam duas armas para “reviravolta” no STF

À medida que o inquérito sobre a suposta tentativa de golpe avança para a fase final no Supremo Tribunal Federal (STF), as defesas de Jair Bolsonaro e do general da reserva Braga Netto articulam uma nova ofensiva jurídica. As estratégias visam questionar a credibilidade da delação de Mauro Cid — ex-ajudante de ordens de Bolsonaro — tida como um dos principais pilares da investigação.

Advogados de ambos os réus têm coletado evidências e articulado questionamentos para tentar abrir brechas processuais. No caso de Bolsonaro, a defesa liderada por Celso Vilardi concentra seus esforços em conteúdos publicados por supostos perfis ligados à família de Mauro Cid, como a esposa e até uma das filhas. Áudios e capturas de tela dessas contas, em especial o perfil identificado como @gabrielar702, estão sendo usados para tentar comprometer a validade e a espontaneidade das declarações prestadas por Cid.

Durante o interrogatório realizado na última segunda-feira (9), Vilardi questionou diretamente Cid sobre o tal perfil. Diante do nervosismo, o ex-ajudante respondeu com hesitação: “Esse perfil não sei se é da minha esposa. Mas Gabriela é o nome da minha esposa.”

A defesa acredita que esses elementos podem justificar a solicitação de novas diligências ou até sustentar um pedido de revisão criminal ao término da fase de julgamento.

Já os advogados do general Braga Netto planejam desmentir a acusação de que ele teria repassado valores a Mauro Cid com o objetivo de financiar acampamentos que pregavam a intervenção militar. Segundo o depoimento de Cid, o dinheiro teria sido entregue no Palácio do Planalto. Para desqualificar essa afirmação, o advogado José Luis de Oliveira Lima, conhecido como Juca, pretende solicitar as gravações das câmeras de segurança do local para verificar se há registros que comprovem ou desmintam o encontro.

As estratégias adotadas pelas defesas de Bolsonaro e Braga Netto indicam um esforço coordenado para fragilizar a delação premiada de Mauro Cid, que tem servido como base para diversas frentes da investigação no STF. Caso obtenham sucesso em colocar sua veracidade em xeque, os advogados esperam abrir caminho para reverter o avanço das ações penais ou, no mínimo, enfraquecer a narrativa da acusação.