Caso de bonecas com expressões semelhantes às de recém-nascidos motivou apresentação de projeto no Congresso Nacional

Caso de bonecas com expressões semelhantes às de recém-nascidos motivou apresentação de projeto no Congresso Nacional
Com expressões delicadas, textura de pele, peso semelhante ao de um recém-nascido e até cheiro similar de uma criança, as bebês reborn conquistaram a internet e estão virando febre ao redor do mundo. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram adultos cuidando dessas bonecas como se fossem filhos de verdade, levando ao pediatra, preparando mamadeiras e até organizando passeios em família.
Feitas artesanalmente, as bebês reborn podem custar entre R$ 200 e R$ 10 mil e estão sendo cada vez mais revitalizadas para se tornar mais reais. Em alguns casos, além da aparência, há aquelas com dispositivos que imitam batimentos cardíacos ou que permitem receber mamadeira e urinar.
Os casos têm gerado debate entre os brasileiros. Enquanto alguns acreditam que as bonecas não devem ocupar o lugar de filhos reais, outros enxergam os bebês reborn como uma forma de terapia emocional ou um objeto de coleção artística.
Em São Paulo, um grupo de mães colecionadoras realizou um encontro no Parque Ibirapuera com várias bonecas, chamando atenção nas redes sociais. Outro caso que viralizou foi o de uma advogada procurada por uma “mãe” interessada em entrar com uma ação judicial para obter a guarda de uma boneca hiper-realista, adquirida em conjunto ao ex-marido.
O caso virou pauta até no Congresso Nacional. Nessa sexta-feira (16), após denúncias de pessoas que teriam furado filas de hospitais usando as bebês reborn como desculpa, alguns deputados apresentaram propostas para impedir que as bonecas atrapalhem atendimentos médicos.
Um texto apresentado pelo deputado Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP) proíbe o atendimento hospitalar público ou particular a pessoas que chegarem acompanhadas de bonecos.
A ideia é impedir qualquer tipo de atendimento, simulação ou prestação de serviços, com previsão de demissão de funcionários e multa que pode chegar até R$ 50 mil para hospitais que possam adotar a prática.
Cuidados não devem passar da realidade
A psiquiatra Silvia Marchat destaca que, embora as bebês reborn possam ter uso terapêutico, é preciso atenção aos excessos.
“As bebês reborn existem há muitos anos como arte, como uma reinvenção das crianças. Elas são feitos de silicone e deveriam ser vistos como arte. Se você passar de um limite de realidade e entender que aquele objeto tem vida e toma espaço na sua vida, ou que você se dedica mais àquele objeto e denota mais interesse àquilo, torna-se algo patológico”, afirmou Silvia.