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Lúcifer: descubra quem é o ex-PCC que assassina rivais na prisão e pinta celas com sangue

Há 30 anos, Marcos Paulo da Silva, de 48 anos, apelidado de “Lúcifer”, foi detido pela primeira vez por furto e roubo

Há três décadas, Marcos Paulo da Silva, atualmente com 48 anos e conhecido como “Lúcifer”, foi detido pela primeira vez sob acusações de furto e roubo.

Desde então, ele afirma ter assassinado quase 50 rivais em penitenciárias do estado de São Paulo, consolidando sua reputação como “o nome da morte” dentro do sistema prisional paulista.

Quem é “lúcifer”?

Detido em 1995 sem qualquer acusação de homicídio, ‘Lúcifer’ declarou ter matado 48 inimigos enquanto estava encarcerado em penitenciárias estaduais de São Paulo. Diagnosticado com psicose, ele confessou seus crimes à Justiça, e muitas das mortes foram corroboradas pelas autoridades.

‘Lúcifer’ é o criador da facção Irmandade de Resgate do Bonde Cerol Fininho, uma das nove organizações criminosas violentas formadas no interior do sistema prisional paulista.

Os membros do “Cerol Fininho” têm como objetivo matar rivais de maneira brutal. Fundado em 2013, o grupo adota como método a decapitação e a remoção das vísceras de suas vítimas.

Após os assassinatos, eles escrevem o nome da facção nas paredes utilizando o sangue dos mortos. As regras estão descritas no estatuto da organização criminosa, elaborado pelo próprio Silva em uma cela.

De acordo com ele, o lema da facção é “lealdade, justiça, guerra e morte“. O propósito é “esmagar com mãos fortes os tiranos que usam de suas forças para oprimir os mais fracos, sobretudo PCC, TCC, ADA e SS“.

O preso foi sentenciado a 217 anos de reclusão. Conforme informado pela SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária), essa longa pena é resultado de crimes cometidos dentro da prisão, incluindo homicídios e danos ao patrimônio.

‘Lúcifer’ é reconhecido no sistema penitenciário paulista por uma tatuagem que exibe seu apelido no crime. Ele já esteve envolvido em assassinatos dentro do cárcere em colaboração com integrantes do PCC, segundo investigações realizadas pela Polícia Civil de São Paulo.

“Quando ele chega a um presídio, é questão de tempo para matar, decepar, praticar novamente atos de barbárie contra presos, visitantes e servidores“, declarou um agente penitenciário em 2020. “Ele não pode ficar aqui ao Deus dará. Necessita de tratamento urgente“, desabafou o funcionário da Penitenciária de Presidente Venceslau (SP) sobre Silva.

O portal UOL busca confirmar com a SAP se o líder criminoso ainda está no mesmo presídio.

Psicólogos relataram em laudos que Silva nunca cometeu homicídios fora das penitenciárias. De acordo com os especialistas, todos os assassinatos atribuídos a “Lúcifer” ocorreram no interior do sistema prisional.

A SAP solicitou a transferência de Silva para um presídio federal após a criação do “Cerol Fininho”. Até 2017, ele passou por unidades prisionais em Porto Velho (RO), Campo Grande (MS) e Catanduvas (PR), mas retornou a cumprir pena em uma penitenciária do interior paulista em 2018.

Ele é uma pessoa instável e foi vítima de agressões quando entrou, ainda muito jovem, no sistema penitenciário. A qualquer momento, pode cometer um ato violento. Por isso, tomava o banho de sol afastado dos outros detentos afirmou um agente penitenciário de um presídio federal, em entrevista anônima ao UOL em 2018.

Ao completar um ano na prisão, aos 19 anos, Silva se uniu ao PCC. Ele afirma ter se desligado da facção paulista em meados de 2008 por acreditar que a organização “passou a visar apenas o capitalismo, o lucro e abandonou a luta em prol da população carcerária“. Com isso, tornou-se um dos principais adversários de Marcola, considerado o líder do PCC.

“Fui usado pelo PCC para exterminar presos. Mas não me arrependo de matar aquelas pessoas, porque a luta era justa. Havia muitos estupradores e ladrões que roubavam presos dentro da cadeia“, declarou Marcos Paulo da Silva, o “Lúcifer”, à Justiça.

Tatuagem em homenagem ao anjo caído e cronologia de crimes

Prisioneiro recebeu apelido após tatuar “Lucifer meu protetor” no corpo. Também fez outras tatuagens, como tridentes, demônios, caveiras e a suástica, símbolo do nazismo.

Em 2011, Silva assassinou cinco detentos em um único dia na Penitenciária de Serra Azul (SP). Durante os crimes, ele celebrava e afirmava: “Como eu gosto disso. Tem muito pouco. Quero matar mais presos“, segundo informações do portal UOL.

No ano de 2015, ele ordenou a execução de mais dois inimigos na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau. Por esses homicídios, foi sentenciado a 66 anos de prisão. Após essas mortes, foi colocado pela sexta vez em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), onde os presos permanecem em isolamento.

Anos depois, bilhetes encontrados em um presídio no interior de São Paulo mostraram que o PCC tentou recrutar Silva para eliminar um rival em Campo Grande. O alvo da facção era o traficante José Roberto Fernandes Barbosa, conhecido como Zé Roberto da Compensa. Ele é um dos líderes da FDN (Família do Norte) e responsável pelo “Massacre de Manaus“, que ocorreu em 1º de janeiro de 2017, resultando na morte de 56 detentos — incluindo 20 membros do PCC — na penitenciária da capital amazonense.

Silva já se mutilou várias vezes, cortando braços, pernas e abdômen. Quando estava na penitenciária federal de Catanduvas, precisou ser algemado a uma maca antes de receber atendimento médico. Essa cena causou grande repercussão na mídia nacional.

Agentes penitenciários relataram que as unidades federais não aceitaram sua custódia. Psicólogos de Catanduvas diagnosticaram que ele possui transtorno de personalidade e psicose, necessitando de tratamento por uma equipe multiprofissional especializada — uma estrutura que não estaria disponível nas prisões federais.

O portal UOL já indagou a SAP sobre facções e ações tomadas em relação aos homicídios perpetrados por Silva. A coluna de Josmar Jozino questionou, em 2020, quantas facções criminosas foram formadas no sistema prisional paulista; quantos adeptos do “Cerol Fininho” existem e quais medidas foram adotadas para prevenir mortes nas prisões sob o comando de Silva. A pasta afirmou que não divulga dados relacionados à inteligência.