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Mauro Cid a familiares em 2022: “Vou ser preso se o Lula vencer”

Em mensagens vazadas, tenente-coronel temeu por sua segurança e disse que Brasil viraria uma “Venezuela”

Em mensagem enviada a familiares durante a campanha eleitoral de 2022, o tenente-coronel Mauro Barbosa Cid disse que seria preso mesmo “sem ter culpa nenhuma”, se o até então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencesse o pleito presidencial.

O conteúdo das mensagens foi revelado nesta sexta-feira (23) pelo portal UOL. Nelas, Mauro Cid expressou aos parentes preocupação com a própria segurança.

– Eu tô preocupado, até com a minha segurança, que eu sei que eu vou ser preso se o Lula voltar. Eu sei que eu vou ser preso sem ter culpa nenhuma e ninguém vai segurar a minha onda, eu vou servir de bode expiatório. Agora o Exército me segura porque tá com o presidente [Jair Bolsonaro], mas depois, ninguém segura – previu.

Mauro Cid ainda afirmou que, sob Lula, o Brasil se tornaria semelhante à Venezuela, e chegou a confessar que cogitava fugir do país.

– Se eu não sair do Brasil ou fugir ou alguma coisa, eu vou ser preso. E pelo país. O país vai entrar no que é a Venezuela – adicionou.

Em outra mensagem, ele disse o Brasil “não aguentaria” mais um governo do Partido dos Trabalhadores (PT), frisando os escândalos de corrupção nas gestões petistas anteriores.

– Se isso voltar pro Brasil, o Brasil não aguenta. O Brasil não aguenta mais um governo do PT, não aguenta mais o que o PT fez no Brasil. O Brasil é muito rico, a gente chegou numa situação, os dados da corrupção entre Petrobras, BNDES e Caixa é R$ 1,5 trilhão nos anos do governo PT – assinalou.

ELOGIOS A BOLSONARO

Nas mensagens de áudio, ele ainda teceu elogios à gestão Bolsonaro, disse que o Brasil foi um dos primeiros países a “bancar o desenvolvimento da vacina” contra a Covid-19, e exaltou o estilo de vida “simples” do até então chefe do Executivo.

– A primeira vez que a gente foi em uma viagem internacional, a gente foi na Suíça, em Davos. Eu não conhecia ele direito, tava no começo do mandato, e aí vamos sair pra jantar. Onde vamos levar, o Itamaraty já assumiu, levou num restaurante. Conta: 150 dólares por pessoa. E ele paga tudo. O cartão corporativo dele, ele pode sacar R$ 18 mil por mês, ele nunca usou um centavo, esse cartão tá comigo até hoje – declarou.

– E ele paga, onde ele vai, restaurante tudo, ele que paga. A conta deu 150 dólares. Ele chegou no hotel esbravejando, falou “Cid eu não quero comer nesse lugar nunca mais na minha vida. Eu não vou gastar dinheiro com esses troços. Absurdo”. A gente fica sem saber né. “Cid, aonde a segurança tá comendo?”. Num bandejão. “Então é lá que eu vou”. Aí foi – relembrou.

Tal como previu, Mauro Cid foi preso pela primeira vez em maio de 2023, acusado de envolvimento em um esquema de falsificação de cartões de vacina. Posteriormente, se tornou investigado por suposto desvio de joias do patrimônio público e por tentativa de golpe de Estado.

Após quase seis meses, ele foi liberado ao fechar um acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF). Em março de 2024, ele voltou a ser preso sob acusação de ter descumprido medidas cautelares e tentado obstruir a Justiça. Atualmente, ele se encontra em liberdade provisória.